Guerra. E agora?

Guerra. E agora?

A guerra é um fenómeno criado pelo ser humano que ao longo da história teve várias expressões e consequências trágicas. Vários conflitos armados continuam a destruir vidas em todo o mundo, e a mais recente guerra contra a Ucrânia trouxe uma proximidade com maior impacto no dia a dia de todos nós. É devastador, sim, e não existem palavras que consigam atenuar o que está a acontecer há mais de um mês. E agora?

As reações variam de pessoa para pessoa, tendo em conta fatores biopsicossociais e podem surgir em vários níveis:

  • Emocional: tristeza, ansiedade, pânico, culpa, raiva, medo, desespero, sentimento de luto, pesar, irritabilidade.
  • Cognitivo: atenção dispersa, dificuldades de concentração, dificuldades na tomada de decisão, baixa autoeficácia, descrença, negação, alteração da memória, confusão, pensamentos intrusivos, preocupação excessiva.
  • Físico: taquicardia, fadiga, insónia, náuseas, alterações de apetite, dores musculares, agitação.

Efetivamente o que tanto temíamos já aconteceu, e a forma de lidar com este momento, e assegurar a saúde psicológica, passa por tomar consciência da realidade mantendo o maior equilíbrio possível entre as emoções geradas, a clareza de raciocínio, e a esperança num futuro melhor, concentrando-se nas hipóteses de resolução e diplomacia que estão a ser realizadas.

O processo de autorregulação emocional e psicológica passa por aceitar as emoções e sentimentos por alguns momentos, evitando ficar “lá” demasiado tempo. Para isso, identifiquemos o que são (dar nome às emoções) e onde se estão a localizar no nosso corpo, para então as libertarmos eficazmente.

Como gerir o impacto psicológico da guerra?

As seguintes estratégias podem ajudar a gerir este impacto:

  • manter os hábitos diários: horários, alimentação, trabalho/estudo, atividades, descanso.
  • fazer exercício físico leve, de preferência ao ar livre.
  • manter contacto com as pessoas significativas. Partilhar as nossas inquietações e medos é verdadeiramente importante nesta fase, para reforçar sentimento de segurança e interajuda.
  • estar atualizado/a em relação aos acontecimentos, escolhendo até duas alturas do dia para consultar informação numa fonte fidedigna. Respeite o seu ritmo de processamento do que está a acontecer, dando espaço para ir integrando esta situação.
  • evitar viajar ‘mentalmente e emocionalmente’ para este cenário, abstendo-se de ver, ouvir e sentir os cenários de guerra presentes ininterruptamente nas diferentes redes de comunicação. A exposição excessiva gera ainda mais ansiedade e sobrecarga emocional. Colocar o telemóvel/pc num lugar longe de si pode ajudar a distanciar-se.
  • centrar-se na sua segurança física e psicológica. A identificação com o sofrimento das pessoas é natural e esperada, mas mantenha foco no que está ao seu alcance para fazer; construa objetivos solidários para o presente ou futuro próximo.
  • escrever de forma livre (sem pensar demasiado) para libertar emoções.
  • manter o seu autocuidado e esperança. Concentrar-se na paz mundial.

Juntos/as pela paz, estejamos atentos/as a nós e às pessoas que nos rodeiam.

Helga Gonçalves

Psicóloga Clínica, Coach e Facilitadora de Cura Reconectiva