Meditação e Psicoterapia

Meditação e Psicoterapia

É necessário trabalhar o organismo como um todo, agir de forma preventiva e não apenas atuar nas causas das doenças ou no simples alívio de sintomas.

As pessoas que meditam regularmente tornam-se mais alertas e serenas nas respostas a ameaças e recuperam mais rapidamente. Se considerarmos que a fase da recuperação do stress é a chave para os sintomas de ansiedade crónica e de desordens psicossomáticas, verificamos que a meditação pode funcionar como uma terapia tanto a nível psicológico, como puramente somática. É por isto que a meditação é uma boa ferramenta na psicoterapia.

Por exemplo, quando a pessoa que medita volta a atenção para o seu interior, torna-se mais consciente dos pensamentos, sensações e estados que emergem espontaneamente. Como está em relaxamento profundo, todo o conteúdo da sua mente pode ser visto como o conjunto de uma “hierarquia dessensibilizada”, pois processará toda a informação sem exacerbação emocional. Esta hierarquia vai além das crenças limitantes que o terapeuta e o paciente identificaram como problemáticas, pois estende-se a todas as preocupações do paciente. A meditação permite assim, uma autodessensibilização completa e bastante natural.

A tensão associada às memórias reprimidas diminui quando a meditação é utilizada como auxiliar da terapia, permite que o material que causa sofrimento surja mais claramente na consciência. A associação livre torna-se particularmente rica em conteúdo e a tolerância aumenta. A meditação facilita o acesso ao inconsciente.

As terapias existentes, de forma geral, procuram interromper com o que foi vivenciado no passado que condiciona o comportamento no presente. A meditação pretende alterar o próprio processo de condicionamento, para que este não seja mais o principal determinante dos atos futuros. A tomada de consciência dos condicionantes e das suas limitações, aqui, é crucial. As psicoterapias focam-se nestes condicionantes e nos seus significados. A meditação dirige-se à natureza da própria tomada de consciência. Essas duas abordagens não são mutuamente exclusivas, pelo contrário, são complementares.

Helena Carvalho

Psicóloga, Hipnoterapeuta e Instrutora de Meditação e de Mindfulness

Bibliografia: Goleman, D. (1999). A arte da meditação. Sextante.

Foto de Mikael Blomkvist