O que é o Stress?

O que é o Stress?

As pessoas têm ideias muito diferentes no que diz respeito à sua definição. Provavelmente o mais comum é, “tensão física, mental ou emocional”. Outra definição popular de stress é “uma condição ou sentimento experimentado quando uma pessoa percebe que as exigências excedem os recursos pessoais e sociais, que é capaz de mobilizar”.

O stress é omnipresente e segue-nos por todo o lado. Uma vez que simplesmente não há como evitá-lo, a tarefa dos profissionais de saúde mental é promover a sua compreensão para melhorar a sua gestão (American Institute of Stress, 2022).

Podemos considerar algumas abordagens ao stress:

  • Eustress – otimiza o funcionamento adaptativo, de tal forma que, caso no futuro haja uma situação idêntica, o sujeito apresentar-se-á mais autoconfiante e terá maior probabilidade de resolver a situação.
  • Distress – as exigências são intensas, excessivas, prolongadas, imprevisíveis, ou o sujeito não possui as competências apropriadas para lidar com elas.
  • Stress agudo/ reação aguda de stress – resposta fisiológica do nosso organismo. Uma “situação complicada” é como que um gatilho que ativa o stress. Durante esta resposta de stress, a medula adrenal (parte das glândulas adrenais, duas pequenas glândulas situadas acima de cada rim – glândulas suprarrenais) começam a libertar mais de 17 hormonas diferentes como as catecolaminas (noradrenalina, adrenalina).
  • Stress crónico – Uma situação de stress, vai gerar ainda mais energia para que possamos fugir ou lutar, aumentando o nível de açúcar no sangue. Quando o stress crónico estimula a produção de cortisol, estes níveis alteram-se. O nível máximo pode ocorrer à noite, levando à insónia.
  • Distúrbio agudo de stress (DAS) – resposta de stress com menor diferenciação sintomática, dura entre 72h a 4 semanas.
  • Perturbação de Stress Pós-traumático (PSPT) – dura mais de quatro semanas e é considerado patológico.
  • Stress peritraumático – quando as pessoas não têm memória do evento, “desligaram” para se protegerem.

O que acontece no nosso organismo durante a resposta de stress:

  • aumento do nível de açúcar no sangue;
  • aumento da libertação de glóbulos vermelhos (para transportar mais oxigénio);
  • aumento da pressão sanguínea;
  • aumento da frequência cardíaca;
  • vasoconstrição nas periferias;
  • paragem da digestão;
  • entre outros.

São, por sua vez, efeitos do stress no corpo:

  • acne
  • fadiga crónica
  • privação do sono
  • depressão
  • obstipação ou diarreia
  • desordens alimentares
  • hipertensão arterial
  • enxaquecas
  • entre outros.

Animais VS seres humanos

Consideremos o seguinte exemplo:

Se nos depararmos com um animal feroz, o nosso instinto/automatismo levará à fuga, luta ou congelamento. A nossa resposta depende sempre dos nossos recursos internos (experiências passadas, que poderão de ser de sucesso ou fracasso, vulnerabilidade, medo de repetição) e das características do estímulo/ acontecimento (origem, intensidade, duração, proximidade consequências).

Luta ou fuga: o nosso organismo dá-nos os recursos para fugir ou lutar (daí a resposta ao stress ser adaptativa, na iminência do perigo, precisamos de ter energia e o corpo preparado para atuar);
Congelamento: acontece quando o nosso organismo não reuniu as condições para lidar com o estímulo/ acontecimento e fica imóvel, sem reação.

O sofrimento surge quando o nosso organismo responde com luta ou fuga a estímulos que não o justificam (por exemplo, a pensamentos, preocupações, memórias, projeções) ou quando estes nem existem. No stress crónico, o nosso organismo está constantemente a vivenciar as reações corporais (tensão arterial alta, frequência cardíaca exacerbada) que levam ao desgaste do corpo, trazendo implicações não só na saúde física, como psicológica, uma vez que leva a pensamentos de ineficácia e descontrolo.

A ruminação, característica dos seres humanos, provoca e acentua esta resposta fisiológica, comportamental e emocional continuada do nosso organismo, que se mantém associada ao elevado estado de excitação. Se tenho uma resposta de fuga perante um cão de porte pequeno que vem na minha direção, além da resposta de stress agudo (que consideramos normativa), provavelmente vão surgir pensamentos como “que vergonha, fugir de um animal tão indefeso”; “aquela senhora viu-me, o que pensará de mim?”; “sou uma medricas”. A base do sofrimento resulta destes pensamentos ruminantes e não propriamente do nosso comportamento em si, portanto, resulta da sua interpretação. Ficamos presos num círculo de autocrítica, que diminui a nossa consciência do momento presente, leva-nos a crenças positivas de autocrítica (validamos os nossos “defeitos”) e a crenças negativas de autocompaixão (ligada à nossa dificuldade de aceitarmos as nossas “falhas” – o que não está de acordo com os nossos padrões ou os da sociedade).

Animais

Momento 1:

Estímulo -> Resposta (fuga/luta/congelamento)

Momento 2:

Sem influência

Humanos

Momento 1:

Estímulo -> Resposta (fuga/luta/congelamento)

 Momento 2:

 Ruminação (e se eu?)

Helena Carvalho

Psicóloga, Hipnoterapeuta e Instrutora de Meditação e de Mindfulness

Referências Bibliográficas: American Institute of Stress (2022): The American Institute of Stress