Hipnose Clínica

1. O que é Hipnose Clínica?

O estado de hipnose é um estado modificado de consciência caracterizado por uma focalização da atenção e da concentração e abstracção dos estímulos periféricos. É um estado que acontece naturalmente e, por isso, é experimentado por nós várias vezes ao dia quando, por exemplo, nos focalizamos numa tarefa e nos abstraímos do que nos rodeia e quando conduzimos ou caminhamos em “piloto automático”, envolvidos/as nos nossos pensamentos.

Em Hipnoterapia usa-se o estado hipnótico para auxiliar as pessoas nos assuntos, problemas e desafios que surgem nas suas vidas. As pessoas deslocam a sua atenção para a sua mente interior  e experimentam uma sensação agradável de relaxamento físico que contribui para essa focalização. Em terapia usa-se o estado hipnótico para alcançar/descobrir, optimizar os recursos e as capacidades internas de cada pessoa.

Assim,  a terapia não é feita com hipnose, mas em estado hipnótico. Durante este estado a pessoa está consciente do que se passa e, por isso, está em controlo respondendo positivamente  apenas às sugestões que respeitam as suas crenças e valores. Sempre que o desejar, pode sair do estado de hipnose. Para além disso, a pessoa não está a dormir e recorda-se de tudo o que for importante, tal como acontece quando temos uma conversa com alguém.

 

A Hipnoterapia pode ser utilizada para trabalhar vários problemas ou situações:

  • Ansiedade, medos e fobias
  • Stresse
  • Perturbações do sono
  • Disfunções Psicossexuais
  • Ataques de pânico
  • Depressão
  • Preparação para o Parto com Hipnose
  • Entre outros.

2. Terapia regressiva

Memória e Regressão

A regressão é um fenómeno da hipnose e consiste em recuar no tempo e reviver/relembrar um acontecimento, um episódio do passado que ficou gravado na memória. Pode acontecer naturalmente ou pode ser usada para fins terapêuticos.

No estado hipnótico, o nosso arquivo de memória fica mais acessível e, por isso, é mais fácil recordar eventos/aspectos do passado. Normalmente recordamos facilmente, com saudade, os momentos positivos da nossa vida e evitamos aqueles que nos causaram sofrimento. No entanto, o nosso cérebro gravou esses episódios e “encriptou-os” como forma de nos ajudar a prosseguir com a nossa vida. Por isso, quando prestes a passar por algo difícil ou perigoso, a nossa mente, antes de lembrar as situações difíceis e traumáticas, acciona o sinal de alarme para prevenir novo sofrimento. Contudo, essa situação/trauma vai-se mantendo por perto, incomodando, por vezes, com desconfortos físicos, medo, ansiedade, pânico, tristeza profunda, até que seja resolvida.

Assim, a terapia regressiva ou a regressão no tempo assenta no princípio de que os problemas ou desafios vividos no presente, do foro psicológico e psicossomático, têm as suas causas no passado e que através da hipnose não só é possível aceder às mesmas, como também ressignificar, reenquadrar e “limpar”.

Por vezes, a pessoa consegue, em estado de vigília, identificar a situação do passado que está na origem dos sintomas ou desafios do presente. No entanto, é necessária uma compreensão mais profunda que promova a libertação emocional relacionada com essa memória. Muitas vezes, recordar, em hipnose, é, por si só, terapêutico e gerador de mudanças profundas. Muitas vezes, é necessário reeducar e olhar a situação sobre outra perspectiva.

 

Regressão a “vidas passadas”

Algumas pessoas conseguem recordar experiências e acontecimentos de “outras vidas” anteriores à actual. Há quem defenda e acredite que temos uma memória kármica resultante de várias reencarnações, há quem defenda e acredite numa memória genética onde estão gravadas nos nossos genes experiências dos nossos antecessores, há quem defenda e acredite que revisitamos um inconsciente colectivo (ideia Junguiana de que há aspectos comuns a todas as pessoas e que estão guardados na nossa mente inconsciente), há quem defenda e acredite que se trata de uma forma metafórica do nosso cérebro integrar experiências traumáticas.

Actualmente ainda não existe uma explicação para esta capacidade de reviver, em hipnose, “outras vidas”. Independentemente das crenças de cada um/a, há o respeito pela pessoa e a certeza de que esta é uma forma de ajudar quem nos procura e que resulta, é mais uma forma de promover o auto-conhecimento e a libertação emocional que afecta o presente.

 

A regressão é verdadeira?

Quando falamos de memória, procuramos sempre a verdade. Contudo, a verdade é subjectiva e depende das várias perspectivas individuais. Se pensarmos que um conjunto de pessoas que assiste a um mesmo acontecimento vai gravar na sua mente aspectos diferentes e, mesmo alterados, temos um exemplo de que não existem memórias verdadeiras (desta ou de “outra vidas”). Aliás, vários são os estudos que demonstram que a forma como gravamos os acontecimentos dependem de várias variáveis, como por exemplo, estados de humor, ruído, idade, entre outras. Para além disso, uma memória pode alterar-se com o passar do tempo ou com o surgir de novas variáveis como por exemplo da partilha do mesmo evento com outras pessoas.

Assim, para o trabalho terapêutico não é relevante a veracidade da memória, mas sim o impacto que esta tem/teve na vida da pessoa e é com isso que trabalhamos.

Por fim, é importante realçar que temos todo o cuidado em interferir o menos possível no trabalho regressivo, para que a pessoa possa chegar às suas próprias conclusões e aferições e alcançar as mudanças necessárias.

3. Perguntas Frequentes?

Em hipnose, a pessoa está a dormir ou inconsciente?

Não. O estado de hipnose é um estado de consciência onde a mente está activa (mais do que quando está acordada) e, apesar de estar com os olhos fechados, a pessoa está alerta.

A pessoa pode ficar “presa” no estado hipnótico?

Não. O que pode acontecer é que, como o estado hipnótico é agradável, a pessoa queira prolonga-lo mais um pouco. Para além disso, da mesma forma que no dia-a-dia entramos e saímos deste estado várias vezes, quando é induzido o máximo que pode acontecer será adormecer e acordar normalmente a seguir.

Hipnose é regressão?

Não. A regressão é um fenómeno da hipnose e pode acontecer naturalmente durante esse estado, sem qualquer sugestão do/a terapeuta. Ao mesmo tempo, é uma das técnicas terapêuticas que pode ser utilizada sempre que for adequado e com o consentimento da pessoa.

Em hipnose perde-se o controlo e fica-se à mercê da vontade do/a terapeuta?

Não. Em hipnose, a pessoa está consciente do que se passa à sua volta e, por isso, tem todo o controlo e apenas responde positivamente às sugestões que vão de encontro ao seu sistema de crenças e valores, podendo interromper a sessão sempre que o desejar.

Qualquer pessoa pode entrar em hipnose?

O estado de hipnose é experimentado de forma natural no nosso dia-a-dia. Defende-se que a cada 90 minutos entramos naturalmente em hipnose. Por isso, somos todos hipnotizáveis.

A hipnose clínica pode ser perigosa?

Quando praticada por um/a profissional devidamente qualificado/a, a hipnose clínica é segura e sem efeitos nocivos para a saúde da pessoa.

A hipnose clínica substitui a medicina convencional?

Não. O/a médico/a deve continuar a ser consultado/a e qualquer problema ou doença diagnosticada deve ser comunicado ao/à terapeuta.

As consultas são confidenciais?

Sim. A confidencialidade está sempre presente, excepto nos casos previstos na lei ou com autorização da pessoa.