O seu filho/a não o deixa sair de casa? Não é capaz de passar a noite com outras pessoas conhecidas? Recusa-se a ir à escola? Tem dificuldades em dormir sozinho? Tem ansiedade e pesadelos acerca da separação?
Podemos estar perante a Ansiedade de Separação que é manifestada por um mal-estar excessivo, quando a criança antecipa ou experiencia uma separação. As crianças sentem um medo persistente ao estarem afastados das mães e dos pais, ou de outras pessoas com quem tenham laços fortes.
A criança manifesta ansiedade de separação quando:
- Sente um mal-estar acentuado e persistente em situações de separação;
- Preocupação excessiva com a perda ou perigos que envolvam as pessoas importantes para si (por exemplo: morte, doença, acidentes);
- Grande preocupação com acontecimentos graves que levem à sua separação dos pais ou pessoas próximas;
- Resistência ou recusa em ir à escola ou outros locais;
- Resistência ou recusa em dormir afastado de uma pessoa importante ou fora de casa;
- Pesadelos recorrentes envolvendo o tema da separação;
- Queixas de mal-estar físico quando confrontadas com o tema da separação.
Esta preocupação excessiva pode levar a criança a apresentar sintomas físicos, tais como dores de cabeça, dores abdominais, desmaios, tonturas, pesadelos, dificuldades em dormir, náuseas, vómitos, dores musculares, palpitações, dor no peito.
Como ajudar?
Os pais podem ajudar a criança proporcionando-lhes um ambiente flexível e de suporte para que ela ultrapasse ou minimize os seus sintomas de ansiedade de separação, das seguintes formas:
- Ouvir os sentimentos da criança empaticamente;
- Manter a calma quando a criança torna-se ansiosa (para servir de modelo para o comportamento da criança);
- Ensinar técnicas simples de relaxamento como respiração profunda, contar até 10, ou visualizar e/ou ouvir algo relaxante;
- Planear transições, como chegar à escola pela manhã ou se preparar para dormir à noite;
- Procurar antecipar situações que podem gerar ansiedade e familiarizar a criança com os locais e/ou pessoas, de forma a que este se vá sentindo mais preparado para as enfrentar.
- Ajudar a criança a preparar uma lista de estratégias possíveis no caso da ansiedade aparecer em situações “difíceis”;
- Apoiar a criança a preparar-se para o regresso à escola (após um período de férias, por exemplo);
- Incentivar e encorajar a participação da criança em atividades fora de casa sem a presença de pessoas próximas/familiares;
- Elogiar os esforços da criança (não somente os resultados) para lidar com os sintomas;
- Utilizar “objetos de transição” durante as separações, pois estes podem ajudar a diminuir a ansiedade.
- Utilizar recompensas para reforçar o comportamento que quer, de preferência o mais rápido possível, através do elogio, de um bem material (que a criança queira mesmo, mas que pode ser simples e barato) ou de uma situação especial (como uma ida ao cinema).
- Deve desencorajar que a criança tenha comportamentos de fuga ou de evitamento perante situações de maior ansiedade. No entanto, se sentir que a criança não está preparada para um situação de separação, deverá pedir ajuda a um profissional.
Com calma e persistência a ansiedade vai diminuindo e o dia-a-dia ficará mais fluído para todos, sobretudo para a criança.
Psicóloga Infanto-Juvenil e Neuropsicóloga Clínica