Psicodança – Ligação corpo-mente

Psicodança – Ligação corpo-mente

A Psicodança é uma técnica psicoterapêutica que deriva do Psicodrama, que utiliza o corpo e o movimento como veículo comunicacional preferencial e a música como suporte dessa comunicação. Apresenta-se como uma das primeiras psicoterapias corporais, trazendo o corpo e a ação para o contexto terapêutico.

Fazer é diferente de Falar.

Não são raras as vezes em que falámos algo, mas que fazemos outra. Citando Jaime Rojas-Bermúdez, “Pai” da Psicodança, “Solo se sabe, lo que se hace”.

De fato, Corpo e Mente estão conectados. Tudo o que se passa na mente tem reflexo no corpo e vice-versa. Pelo que a Psicodança, através do recurso a várias técnicas, procura explorar e promover esta integração corpo-mente.

O movimento corporal e a música surgem como ferramentas de expressão emocional, um recurso para aceder a conteúdos internos, dos quais alguns inconscientes, que habitam o corpo, e aos quais não conseguimos aceder tão profundamente através da palavra. O movimento não só comunica o que está “encerrado” no corpo, através da libertação de formas corporais, mas também provoca sentimentos e pode gerar imagens mentais que ajudam na compreensão do mundo interno da pessoa.

Trabalhando com expressão corporal e dança, trabalhamos com uma comunicação mais próxima ao natural, que permanentemente nos dá o nosso corpo. A dança e o movimento sempre se apresentaram como formas de expressão primárias, desde a antiguidade. Pelo que a prática da Psicodança, não exige nenhum pré-requisito de saber dançar, pois o que importa é o movimento, a expressão corporal, natural de todo o ser humano. A verdade é que esse trabalho corporal, nos permite aceder a memórias guardadas no nosso corpo, que muitas vezes se encontram “oprimidas” pela mente. Como refere Jacob Levi Moreno, “The body remembers what the mind forget“.

O movimento corporal e a música surgem como ferramentas de expressão emocional, um recurso para aceder a conteúdos internos, dos quais alguns inconscientes, que habitam o corpo, e aos quais não conseguimos aceder tão profundamente através da palavra. O movimento não só comunica o que está “encerrado” no corpo, através da libertação de formas corporais, mas também provoca sentimentos e pode gerar imagens mentais que ajudam na compreensão do mundo interno da pessoa.

Desta forma, dando o protagonismo ao corpo e retirando protagonismo à palavra, bloqueamos o hemisfério esquerdo, mais lógico e racional e trabalhamos diretamente com o hemisfério direito do nosso cérebro, responsável pelas emoções e pela criatividade. Permitindo o acesso mais direto e menos enviesado à forma como cada um organiza interiormente as suas vivências.

Pois o que importa, segundo este modelo e em contexto terapêutico, é trabalhar a partir de como a pessoa processa internamente as vivências mais marcantes da sua vida. A sua verdade interna. A tarefa do terapeuta é acompanhar a pessoa na busca pela sua verdade, oferecendo-lhe toda a sua capacidade e metodologia para encontrá-la.

Uma das funções base do terapeuta é criar situações e circunstâncias que permitam à pessoa colocar em atividade a sua espontaneidade e criatividade, assim como a sua capacidade de refletir. A sua função não é dar respostas às perguntas mais profundas da pessoa, mas sim facilitar-lhe o acesso às suas próprias respostas. Pois o que funciona para uma pessoa, não tem e não poderá funcionar para outra. Pelo que a pessoa é convidada a experimentar, a explorar novos papéis, novos modos de ser e fazer, dentro de um espaço seguro, protegido, sem julgamento.

A Psicodança surge assim como um espaço de Encontro e do “Faz de conta“, um espaço de ensaio sem repercussões para a vida lá fora, para a vida real.

Um espaço onde pode explorar novas formas de ser e de agir.

Um espaço de experimentação e transição.

Um espaço de liberdade e onde há lugar à diversão na psicoterapia.

Importunados sempre pela razão, pouco é o espaço que damos à expressão da emoção, à libertação e à criação.

Dar espaço ao nosso corpo, escutar o que ele tem para nos contar, permitir-nos sentir o que ele guarda dentro de si é o convite da Psicodança a todos os

curiosos que a queiram sentir.

Gaëlle Carvalho

Psicóloga Clínica e Comunitária

Psicoterapeuta com formação em Psicodança

Foto de cottonbro studio